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Os desafios do desenvolvimento sustentável: o caso Amacro à ZDS Abunã-Madeira

Updated: Jun 6

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a posição do Brasil no cenário mundial quando falamos em países desenvolvidos não é de destaque. Mesmo que na esfera do desenvolvimento socioeconômico a natureza e sua preservação seja um dos aspectos mais importantes para diferenciarmos o crescimento do desenvolvimento econômico de um país, não vemos tantos destaques de projetos econômicos nessa área como deveríamos. A área preservada do país é de quase 50% da sua totalidade, o que corresponde a 423 milhões de hectares.


A busca pelo desenvolvimento sustentável é essencial para a região amazônica, devido à importância que a floresta exerce e por ser um meio de minimizar os problemas socioambientais da sociedade. Os desafios para a implementação do desenvolvimento sustentável são diversos, como a falsa concepção da natureza separada do ser humano, a ideia de progresso fundamentada na tecno-ciência, o consumismo, entre outros.


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A relação entre o indivíduo e o meio ambiente é deveras importante para que uma sociedade se desenvolva de maneira sustentável, para que ganhos cada vez mais crescentes sejam alcançados. A natureza dispõe de recursos renováveis que ao serem sabiamente explorados podem possibilitar um crescimento econômico considerável. Mas que recursos são esses e o que está sendo feito para que a alocação de recursos seja feita de forma assertiva para que futuramente possamos alcançar índices de ciclos virtuosos na economia brasileira? Ao longo deste artigo vamos abordar uma tentativa de parceria entre a sociedade e o governo, para que a análise seja imparcial, vamos traçar uma linha temporal desde a fundação do Projeto Amacro até os dias de hoje como Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira.


O projeto Amacro teve seu início em 2019, desenvolvido por ruralistas visando expandir a fronteira agrícola tecnificada. O projeto sofreu críticas, pois devido à inoperância do Estado, com a falta de fiscalização e assistência técnica para os camponeses assentados, acabou por não cumprir seus objetivos de conservar os modos de vida locais e proteger a diversidade ecológica da floresta, com a região sofrendo com desmatamento, o mercado ilegal de terras, a extração ilegal de madeira, os conflitos e a grilagem de terra.


Devido a esta problemática o projeto foi reformulado, introduzindo a ZDS Abunã-madeira, com a sigla “ZDS” representando “Zona de Desenvolvimento Sustentável”, tendo uma delimitação por lei para crescimento econômico e social, sendo seu foco na preservação do meio ambiente. Com tamanho de 454.220 km², abrangendo 32 municípios, que fica localizado no sul do amazonas, leste do Acre e noroeste de Rondônia e com uma população de 1,7 milhões de pessoas, sendo uma área problemática por conta do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo desafios socioeconômicos e ambientais, mas, apesar disso, é considerada uma região rica em recursos naturais, que inclui extensões de florestas tropicais, rios e lagos com uma grande variedade de espécimes.


Com intenção de tornar-se um projeto-piloto para outras regiões da Amazônia e alterar os erros cometidos pelo projeto Amacro, sua proposta é potencializar as vocações locais de bioeconomia, circuitos produtivos e agro-sustentáveis (fruticultura, piscicultura e agronegócio), além de investir nas áreas de indústria, logística, transporte, energia e telecomunicações, tendo sempre como foco a sustentabilidade ambiental. Para alcançar essa proposta a ZDS conta com órgãos governamentais, empresas privadas e organizações não governamentais, que trabalham de maneira conjunta para fornecer desenvolvimento e equilíbrio na região, como a SUFRAMA, SUDAM e EMBRAPA.


Humaitá foi o projeto piloto da ZDS Abunã-Madeira, tendo como objetivo a verticalização da cadeia do agronegócio, trabalhando nas dificuldades operacionais e logísticas enfrentadas. Os pontos negativos são o asfaltamento da BR 319 ser considerado essencial para o desenvolvimento das atividades de logística do projeto. Apenas o anúncio do asfaltamento dessa rodovia é considerado responsável por dobrar o desmatamento no entorno da BR, crescendo 110% de 2020 para 2021, com as estimativas prevendo que o desmatamento “deve superar 1200% em relação a 2011 se o asfaltamento ocorrer.”


Se não ocorrer uma devida fiscalização, os recursos poderão ser utilizados para o agronegócio de forma não sustentável, problema que ocorria quando o projeto tinha o nome de Amacro. A principal dificuldade a ser enfrentada é fazer com que as boas ideias sejam realmente implementadas, sendo necessária uma maior transparência do projeto para a população. Informações sobre o projeto tornaram-se escassas após a sua implementação, dificultando o acompanhamento da sociedade em relação ao projeto.


O Projeto Amacro, iniciado em 2019, falhou em proteger a diversidade ecológica da floresta, mas foi reformulado para se tornar a Zona de Desenvolvimento Sustentável de Abunã-Madeira. A ZDS Abunã-Madeira, como dito anteriormente, tem um enorme potencial na área de bioeconomia e também como potencializador das cadeias produtivas e agro-sustentáveis na região, além de possibilidade de trazer mais investimentos em áreas como indústria, transporte, energia e telecomunicações, tudo com foco na sustentabilidade ambiental, de modo que garanta a participação social, a promoção do desenvolvimento sustentável e fontes seguras de renda.


Embora haja uma parceria entre órgãos governamentais, empresas privadas e organizações não governamentais, o sucesso desse mercado depende de uma maior transparência e fiscalização, de modo a garantir que os recursos sejam utilizados de forma sustentável e que a população seja beneficiada. Portanto, a ZDS Abunã-Madeira é um exemplo de um projeto-piloto para outras regiões da Amazônia e uma oportunidade para o Brasil alcançar índices de ciclos virtuosos na economia.



Autores:


Graziela de Carvalho Martins, acadêmica de Ciências Econômicas da UEA.

Lucas Escobar dos Santos, acadêmico de Ciências Econômicas da UEA.

Daniel Corrêa Guimarães, Acadêmico de Gestão em Marketing - Descomplica.

Herica Rodrigues da Silva, acadêmica de Ciências Econômicas da UFAM.




Editora Assistente e Revisora:


Marian de Assis Andrade, acadêmica de Ciências Econômicas da UEA.



Sob supervisão dos economistas:


Marcio Paixão Ribeiro, Vice-Presidente do CORECON-AM, Registro nº1.755.

Dr. Max Fortunato Cohen, Conselheiro do CORECON-AM, Registro nº1.218.



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